De Consolação (MG) para o Norte Pioneiro

Felippe Fernandes de Azevedo nasceu em 1843 em Consolação, um pequeno arraial que se criou ao redor da capela de Nossa Senhora da Consolação de Capivari, no extremo Sul de Minas Gerais, aos pés da Serra da Mantiqueira nas divisas com as províncias de São Paulo e Rio de Janeiro. Era o terceiro dos dez filhos de Joaquim José de Azevedo e Justina Maria de Jesus.

Consolação: cerca de 2 mil habitantes, 9.º menor município de MG

Seus pais eram pequenos fazendeiros dedicados principalmente à produção de milho, feijão e outras culturas de subsistência, além de tabaco e uma ainda incipiente cafeicultura. Criação de gado bovino e suínos também faziam parte da economia regional. O comércio dos excedentes era feito principalmente com o Rio de Janeiro, sede da Corte e então o mais populoso centro consumidor do país.

O esgotamento da fertilidade das terras, os altos impostos cobrados pelo governo de Minas Gerais e a péssima infraestrutura que dificultava o transporte das safras alimentaram um grande movimento dos fazendeiros e da população do Sul de Minas. Eles pretendiam a anexação da região à Província de São Paulo, que já dispunha de melhores estradas e melhor comunicação com o Rio.

No fim dos anos 1840, abaixo-assinados dessas comunidades foram endereçados ao imperador dom Pedro 2.º, ao Conselho de Ministros e ao parlamento do Império, mas a força política da representação mineira impediu a aprovação da reivindicação. Os nomes de Joaquim José de Azevedo e de seu pai, Antonio José de Azevedo, aparecem como signatários desses abaixo-assinados.

Fracassado o movimento separatista, iniciou-se um grande êxodo dos produtores sul-mineiros em direção às províncias de São Paulo e Paraná. Foram atraídos por notícias que davam conta da existência de extensas terras devolutas pertencentes ao governo imperial, povoadas apenas por índios, às margens dos rios Itararé, Cinzas e Paranapanema.

Foi assim que, ao final dos anos 1840, Joaquim e Justina – já com vários filhos ainda crianças (Felippe tinha provavelmente sete ou oito anos de idade) – arrumaram seus poucos pertences e vieram buscar a sorte em Itaporanga (SP), atravessaram o rio Itararé e se estabeleceram em locais que depois vieram a constituir as vilas de Santana do Itararé, São José da Boa Vista, Tomazina e Siqueira Campos que, original e sugestivamente, tinha o nome de Colônia Mineira.

Assim como todos os mineiros de perfil mais empreendedor que vieram nesta leva, Joaquim logo demarcou inúmeras posses. Por disposição da Lei de Terras baixada em 1850 por dom Pedro 2.º, que pretendia regulamentar a ocupação de terras públicas, ele as registrou a partir de 1854 junto à autoridade eclesiástica da época – uma espécie de cartório que funcionava por delegação do Império. Livros autenticados pelo “cartorário” frei Pacífico de Montefalco, de Itaporanga, dão conta da existência de várias posses em nome de Joaquim.

Segundo consta da clássica obra do historiador Ruy Wachowicz, Joaquim José de Azevedo, ao morrer, detinha cerca de 42 mil alqueires de terras na região.

 

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