A longa viagem até Santana do Itararé e o primeiro casamento de Felippe

Reprodução do site de genealogia “Family Search”

Felippe Fernandes de Azevedo, então por volta de 7 ou 8 anos de idade, fez parte da comitiva formada pelos pais, Joaquim e Justina. Ele e mais cinco dos seus irmãos, percorreram pelo menos 600 quilômetros entre a Consolação (que na época se chamada Capivari) no extremo Sul de Minas para chegar à Itaporanga (então São João do Rio Verde), no extremo Sul de São Paulo. Itaporanga provavelmente foi sua primeira escala antes de atravessarem o rio Itararé e se estabelecerem numa das primeiras comunidades mineiras em solo paranaense.

Além de Felippe, o casal veio com os filhos Ignácio, Anna Joaquina, Antonio José, Maria Cândida e José Antonio. Os irmãos mais novos – Manoel, Marianna Generosa, Francisco e Maria Ignácia – já foram nascidos na nova terra.

Referências constantes de livros paroquiais do período indicam que muitos outros parentes que carregavam o sobrenome Azevedo fizeram parte desta saga migratória e aqui criaram suas famílias.

Depois de curta estada em Itaporanga, muitos deles atravessaram o rio Itararé, bem na divisa entre São Paulo e a então Quinta Comarca, e se estabeleceram na primeira comunidade mineira do que viria a ser conhecido como Norte Velho (ou Pioneiro). Chamava-se São José do Cristianismo, em terras que, por volta de 1848, foram adquiridas por Domiciano Correa Machado, mineiro de São Caetano da Vargem Grande (atualmente Brasópolis).

Doenças e mortes causadas pela malária, no entanto, logo assustaram os moradores, obrigando-os a buscar outro lugar menos sujeito à infestação do mosquito transmissor. E foi assim que no novo lugar escolhido cresceu e veio a se constituir a vila de São José da Boa Vista. Segundo o primeiro recenseamento geral do Império, realizado duas décadas depois, viviam ali 3.572 habitantes, sendo 1927 do sexo masculino e 1645 do sexo feminino; 3297 livres e 275 escravos e 585 fogos (domicílios).

Alguns anos depois da chegada, por volta de 1856, um pouco ao Norte de São José da Boa Vista, surgiu outra comunidade de mineiros. Ocuparam terras doadas à Igreja pelo fazendeiro João Barbosa, que havia construído uma capela dedicada a Santana. Foi em torno dela que se formou a pequena vila de Barbosas, que viria a ser depois o município de Santana do Itararé. Também aí são inúmeros os registros que dão conta da grande presença da família Azevedo – Joaquim, Justina, os 10 filhos, parentes…

Tantos são os registros de compra e venda de posses em nome de Joaquim José de Azevedo que se pode presumir que, mais do que lavrador ou fazendeiro, era ele negociante de terras, certamente uma atividade lucrativa dada a grande procura estimulada pelos migrantes mineiros e paulistas que aportavam na região. É possível que este fato explique a citação feita em livros de história de que ele possuía, ao morrer, 42 mil alqueires numa região que se estendia entre Jaguariaíva e Ribeirão Claro.

Foi neste ambiente que Felippe Fernandes de Azevedo cresceu e chegou à idade adulta, hora de se casar.

A escolhida foi Anna Vicencia, filha dos tios José Felippe Fernandes de Campos e de Anna Izabel da Conceição.

Felippe era, portanto, primo de Anna Vicencia. Pela consanguinidade em segundo grau, o casamento só seria permitido com autorização da Igreja, o que foi conseguido graças à aprovação em junho de 1868 de requerimento dos pais dos noivos ao bispado de São Paulo. O bispo considerou “conveniente a breve realização do matrimônio”.

E aí começa outro capítulo da história de Felippe, que contaremos a seguir.

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